Mês: Setembro 2021

O Guia dos PerplexosDeixe o seu comentário

Nunca Saberás

Fernando Kaskais

Diz o Sábio: Escuta, ó discípulo: “Perguntas-me se alguma vez compreenderemos o nosso papel nesta vida. Bom, quanto a mim, a existência nunca respondeu às minhas perguntas, vivi praticamente uma vida inteira nessa situação, sem ter encontrado um caminho onde minhas necessidades mais profundas possam ser vistas ou ouvidas! Provavelmente, vou morrer em silêncio, sem uma palavra nos lábios, porque não há nada a dizer. Acabarei solitário, misantrópico, propenso a discutir comigo mesmo, isolado pela preocupação com as questões existenciais, ou movido pelo isolamento para abordá-las. Nestes últimos tempos, sinto-me como uma pessoa que há muito deixou de funcionar como ser humano, que … Continuar a ler Nunca Saberás

Manipulação e Controle MentalDeixe o seu comentário

Utopias

Fernando Kaskais

As utopias não existem neste mundo em que vivemos, assim como não existe a alquimia nem existe o movimento perpétuo. Os que promovem as utopias, mais não fazem do que produzir robôs desprovidos de raciocínio. Pegam nas pessoas e extraem das suas cabeças os circuitos que lhes permitiam pensar por si mesmos. No entanto, não são poucos os que procuram esse estado de morte cerebral. Pelos vistos tem as suas vantagens, além de tornar a vida mais fácil. Não é preciso queimar os miolos a pensar em coisas complicadas. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Utopias

MusicaDeixe o seu comentário

“Delírio Carioca”

Fernando Kaskais

Guinga – “Delírio Carioca”- 1993. Há um conto fantástico de Rubem Fonseca, que tem o extraordinário nome de; “A Arte De Andar Nas Ruas Do Rio De Janeiro”, onde o autor explora a ideia que; “A cidade não é aquilo que se vê do Pão de Açúcar”, pois o aspecto físico da cidade vive tensões e fragmentações, com o sentimento de pertencer ao espaço urbano, em constante mudança. A cidade ideal deixou de existir e vive na pós-utopia do progresso, recheada de personagens que são a cidade, e a constituem de forma lateral, unívoca, como se todos os marginais, ladrões, … Continuar a ler “Delírio Carioca”

FotomorfosesDeixe o seu comentário

Lance

Fernando Kaskais

© FERNANDO KASKAIS O pescador, a única habilidade especial que possui é lançar o seu isco, depois, não lhe resta outra opção, que não seja deixar-se estar ali. Ficar quieto num sitio e esperar pela sua presa. Entretanto, o rio corre brando e triste, com um cansaço universal. Não há barcos por perto, e apenas, de vez em quando, rasga a paisagem o grasnar curto de uma gaivota, cansada também, que passa sobre uma diagonal absurda, que une o homem e a criança. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Lance

Manual Do Escritor FalhadoDeixe o seu comentário

O Processo

Fernando Kaskais

Queres ser escritor? Então escreve, escreve muito, pois tens um tempo para acrescentar tudo o que for possível, depois, um período de tempo para eliminar o máximo possível. Na medida em que alternas entre os dois processos, a margem de oscilação reduz-se de forma gradual, até que o volume da escrita estabiliza, atingindo um ponto em que já não é possível acrescentar nem reduzir mais nada. Depois, remove os sinais de egolatría, suprime todos os floreados inúteis e manda que a lógica transparente se retire para o quarto dos fundos. Então sim, pode ser que tenhas escrito algo em condições. … Continuar a ler O Processo

MusicaDeixe o seu comentário

Musica Diabólica

Fernando Kaskais

No momento em que escutou os acordes iniciais, foi como se todo o seu conhecimento da musica lhe viesse á mente, de forma automática. Como se um bando de pássaros entrasse a voar numa sala por uma janela aberta. Além do mais, aquela musica transmitia-lhe uma sensação estranha, dilacerante, equivalente a uma torção interna, sem que associado a ela houvesse dor ou mal-estar, mas, apenas a sensação que todos os elementos do seu corpo estavam a ser fisicamente comprimidos e retorcidos. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Musica Diabólica

Filosofia SatânicaDeixe o seu comentário

Deus Anda Por Aí – III

Fernando Kaskais

Deus, até há uns tempos atrás, era analógico, depois quis acompanhar a evolução dos tempos, agora, é feito de zeros e uns, é um algoritmo omnipresente. Uma impressão, um sentimento que insiste em qualificar a condição humana neste século: a miséria sexual, emocional, moral, espiritual. Modernidade? É coberta por uma pele de tristeza! Horizontes obstruídos. Trabalho de sub-homens. Comportamentos estereotipados no modelo de ratos de laboratório. Nada mais de essencial para descobrir. Treinamento intensivo do cérebro, por acção directa ou por contaminação. As possibilidades de florescimento de tudo o que é vivo e humano estão a diminuir a uma velocidade vertiginosa, com a super-adaptação do medíocre a esse pesadelo … Continuar a ler Deus Anda Por Aí – III