Aquilo que deveria encorajar o homem sábio, é a procura heróica pela normalidade, que existe em cada um de nós, quase instintivamente e contra toda a resistência. De uma maneira diferente do comum dos mortais, deveria considerar os cataclismos políticos, os golpes de estado, as revoluções e as guerras, como considera os fenómenos naturais, um ciclone ou uma tempestade. Aceitá-los com uma certa resignação apática e alguma dose de fatalismo. Ninguém pode fazer nada a não ser esperar. Ter como principio que o regresso á normalidade (ao Tao), ocorrerá mais tarde ou mais cedo, porque nesta vida tudo é provisório, … Continuar a ler Saber Aceitar

O Tao é inseparável das coisas, incluindo o Universo, e o Taoísmo ensina que os seres humanos obscurecem a sua consciência do Tao perseguindo coisas que são desnecessárias à vida; como a beleza supérflua, fama, riqueza e tentar evitar a morte. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Desnecessárias

O Taoismo ilumina o sábio, pois apenas o sábio é capaz de viver sem nomes, desejos, normas morais e habitar na não temporalidade do nada. O sábio também nos ensina que o futuro não é uma progressão do passado e o passado não é superado pelo presente. Na verdade, passado e futuro como designadores de movimento podem ser substituídos por um emergir e um retorno à unidade cosmológica. Permanecer no não-tempo do Tao é, portanto, permanecer no eixo entre o ser e o não-ser, e recolocar-nos na posição do não-eu, podemos saber o que significa estar simultaneamente dentro e fora do tempo, vivendo e morrendo. Na verdade, o … Continuar a ler Iluminar

O Taoismo argumenta que a perspectiva da realidade da humanidade é inerentemente limitada, contanto que nos envolvamos com as coisas do ponto de vista de nosso próprio ser. O tempo medido por humanos é apenas uma construção mental projectada para aliviar a ansiedade que sentimos sobre a nossa própria mortalidade. O Taoismo considera essa ansiedade ilógica, pois todas as coisas nascem e todas perecem. A diferença entre nós e o mundo natural é que este último não questiona o momento de seu nascimento e morte, nem tenta alterar o seu destino. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Alterar o Seu Destino

O tempo é uma metáfora para a proximidade de uma pessoa com o Tao. Isso ocorre porque o mundo natural não conhece o tempo medido pelo homem; conhece apenas o meio sem nome e indiferenciado do cosmos. Quanto mais perto uma coisa está do Tao, menos importante o tempo se torna. Por outro lado, quanto mais distante uma coisa está do Tao, mais depende de distinções absolutas para a informar das suas escolhas de vida. As miríades de criaturas do mundo são um exemplo do primeiro, enquanto os seres humanos são um exemplo do último. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Tempo Absoluto

Um homem sábio deixa-se “vaguear” espontaneamente e, por isso, não tem uso a dar ao conhecimento, ás convenções, á integridade e ao trabalho. Isso é alimento do Homem. ©Fernando Kaskais Continuar a ler “Vaguear”

As palavras verdadeiras não são bonitas, as palavras bonitas não são verdadeiras. O homem de bem não é eloquente, o eloquente não é homem de bem. O homem que sabe não é erudito, o erudito não sabe. O sábio não guarda o que quer que seja, quanto mais faz, mais tem, quanto mais dá, mais possui. O Tao do Céu beneficia, não prejudica, O Tao do sábio actua, não exige.   Nota: Este é o ultimo dos oitenta e um capítulos do Tao Te Ching, um extenso poema, prodigioso, fascinante de relevância, modernidade e sabedoria, fluindo ao encontro do tudo … Continuar a ler Capitulo 81

É melhor um pequeno reino. Embora existam alfaias para dez ou cem homens, elas não são necessárias. Os homens, até á morte, não viajam para longe, têm barcas, carruagens, mas ninguém as usa, tem armas, armaduras, mas ninguém as mostra. Os homens em vez de escrever, dão, de novo, nós sem cordas. A comida é simples, a roupa fina, os lares seguros, os dias felizes, ouve-se o cantar dos galos, o ladrar dos cães. Isolados, sem incomodar ninguém, envelhecem, morrem. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 80

Depois de uma grande discussão, o ressentimento permanece. O sábio assume metade da disputa, nada mais exige. O homem de Virtude cumpre o que lhe é devido, o homem sem Virtude, exige dos outros. O Tao do Céu é imparcial, recompensa o homem de bem, sempre. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 79

No mundo, nada mais submisso e suave do que a água, no entanto, nada melhor para destruir o sólido e o rígido. Incomparável a água! O fraco pode vencer o forte, o brando pode vencer o inflexível. Debaixo do céu todos sabem que assim é, mas ninguém assim faz. Por isso o sábio diz: Quem assume a humilhação do povo está preparado para governar, quem assume os desaires do império, merece ser príncipe debaixo do céu. A verdade muitas vezes é um paradoxo. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 78

O Tao do Céu é como um arco esticado, abaixa o alto, alteia baixo. Se a corda é longa, encurta-se, se é curta, alonga-se. O Tao do Céu retira o que sobra, acrescenta o que falta. Não é assim o Tao dos homens, tiram o que falta, acrescentam ao que sobra. Quem usa a abundância para servir o mundo? Apenas os homens que conhecem o Tao. Por isso, o sábio trabalha sem impor, afasta-se depois da obra feita, oculta o seu saber. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 77

O homem nasce delicado e fraco, morre rígido e duro, as plantas são tenras e flexíveis morrem esbranquiçadas e secas. A brandura, a leveza são companheiras da vida, a rigidez, a dureza são companheiras da morte. Por isso, a força das armas não conduz á vitória, uma árvore robusta é facilmente abatida. O que é duro e rígido vai descer, o que é leve e brando vai subir. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 76

As pessoas têm fome porque os governantes as esmagam com impostos, por isso as pessoas morrem de fome. As pessoas revoltam-se porque os governantes governam demasiado, por isso as pessoas se rebelam. As pessoas desprezam a morte porque os governantes lhes exigem demasiado em vida, por isso as pessoas não pensam na morte. Com pouco para viver, as pessoas não dão muito valor á vida. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 75

O povo não receia a morte, porquê ameaçá-lo com a pena capital? Se desrespeitar a lei significa pena de morte, quem ousa desrespeitar a lei? Nas execuções existe sempre um carrasco, substituir o carrasco na aplicação da pena é como substituir o mestre carpinteiro no desbaste da madeira, magoam-se sempre as mãos. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 74

Bravo e ousado, acabará por perecer, bravo e não ousado acabará por sobreviver. Duas atitudes, uma benéfica, outra nociva. O Céu não favorece ninguém, mesmo o sábio não entende. O Tao do Céu vence sem lutar, responde sem dar resposta, atrai sem apelar, actua sem se movimentar. Imensas as redes do Céu, tão largas as malhas e nada lhes escapa. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 73

Quando as pessoas não receiam o perigo, o perigo é iminente, quando não te preocupa a pequenez da casa, não sofres por seres pobre. Afasto o sofrimento, não o irás sentir. O sábio conhece-se mas não se mostra, tem respeito por si próprio, mas não se envaidece, deixa isto, escolhe aquilo. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 72

Saber que não se sabe é uma força, fingir saber quando não se sabe é uma doença. Conhecer a doença como doença evita a doença. O sábio não adoece porque conhece a doença, como doença, assim evita a doença. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 71

As minhas palavras são fáceis de entender, fáceis de seguir, mas, debaixo do céu, os homens não as entendem, não as seguem, as minhas palavras tem origem antiquíssima, as minhas acções obedecem a um mestre, mas os homens não as entendem, ignoram quem eu sou. Raros os que me conhecem, nobres os que me usam. O sábio parece vestir-se de farrapos, mas dentro guarda pedaços de jade. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 70

Um estratego do passado disse: “Entre militares circula a seguinte máxima, não tomar a ofensiva, melhor a defensiva, não avançar uma polegada, melhor recuar um passo.” A isto chama-se marchar sem usar as pernas, arregaçar as mangas sem mostrar os braços, capturar o inimigo sem o atacar, defender sem usar armas. Nada pior do que subestimar o inimigo, quem despreza o inimigo perde o valor. No confronto armado entre exércitos iguais quem mais sofre com a guerra,vence. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 69

O bom soldado não é belicoso, um bom combatente não é rancoroso, um bom vencedor não é vingativo, um bom comandante é humilde. Esta a Virtude para evitar confrontos, esta a arte de conduzir os homens. Assim se faz a unidade com os preceitos do Céu, desde a antiguidade dos tempos. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Capitulo 68