Homens inteiramente desprovidos de qualidades raramente se transformavam num perigo, eram apenas inúteis. Mas, hoje em dia, proliferam sólidas deformidades de carácter, falhas morais e ambições desmedidas, tornando perigosos aqueles que as usam para fortalecer a maldade e o poder. É desta massa que os actuais políticos são feitos. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Sem Qualidades

A palavra mais importante do mundo, o conceito mais importante do mundo, é a Justiça. Justiça quer dizer equilíbrio. Sem justiça, não há equilíbrio. Se não formos justos (antes de mais com nós mesmos), não seremos equilibrados, se não houver equilíbrio não há harmonia, abre-se espaço para o desequilíbrio, para a discórdia, para a doença. Ser justo é uma tarefa árdua e dura toda vida. Não é fácil, e provavelmente, nunca existiu ninguém que o tenha conseguido ser permanentemente. O Justo não tem ego nem ambições, pois sabe que é tudo relativo e a justiça dos homens só provoca mais … Continuar a ler Ser Justo

Afinal o que é, e para que serve a religião? Uma religião é, sobretudo, uma forma de vestir, de organizar a casa, de se lavar e de casar. É também, uma forma da pessoa cuidar de si própria e de seleccionar o que põe na mesa, já que a alimentação é fundamental e cada teologia tem os seus temperos. No fundo, uma religião é simultaneamente mais simples e mais complexa do que um sistema metafisico feito exclusivamente de palavras. Os rituais da religião, as suas bênçãos e consagrações são momices, mas também servem para tentar humanizar o cosmos. Inutilmente, é … Continuar a ler Inutilidade da Religião

A nossa inteligência, é como o foco de luz de uma lanterna que transportamos na mão, que apenas nos permite ver uma parte do chão do beco escuro em que caminhamos. O mundo está cheio de cores e imagens para as quais somos cegos. Há sons que habitam o nosso quotidiano e para os quais somos surdos. Em certa medida, o que somos hoje é o que experimentamos no passado. Isso deforma a nossa percepção dos outros, o juízo que deles fazemos e como reagimos perante eles. A diferença entre o que o foco da nossa inteligência ilumina, e aquilo … Continuar a ler Foco

A ignorância é uma pobreza terrível, pois produz a ilusão no ignorante, não de que não sabe, mas de que sabe. A ignorância não tem nada de bom, não é bela, nem boa, nem sensata, contudo, o ignorante acha que se basta a si próprio, não saindo da posição onde se encontra para aprender. Os ignorantes acreditam que o bom senso está tão bem distribuído pela humanidade que nenhum de nós precisa mais do que aquele que já possui. Os ignorantes não compreendem quem são, nem sabem como aprender a ser quem são para ser o que são. Um ignorante … Continuar a ler Contra a Ignorância

Um individuo, ou, mesmo um povo, quando está imerso num estado comatoso, devido á penúria, ou, pelo contrário, devido á vida fácil e supérflua, tende para a ignorância, e, acaba por compactuar involuntariamente com os poderosos, elegendo-os como modelo e como alvo. A realidade mata e deixa viver simultaneamente, mas, o ajustamento a este processo obriga cada um a conferir a vida a todo o momento, o que não é fácil, pois a todo o momento surgem novas solicitações e distracções. Por trás da ambição latente, há um pesadelo que invade o sangue terminando por devorar as linhas do sonho, … Continuar a ler Ignorância Endémica

A dor e a tristeza não são a mesma coisa. A alegria e a dor, a surpresa e a ira são exultantes, alteram o rosto, o olhar, mas, a tristeza marca-o por dentro. A tristeza é um sentimento profundo, demasiado pessoal, está para lá dos olhos, pois o olhar está fixo no insondável, para lá de quem o observa, um vestígio remoto, perdido na distancia e ao mesmo tempo, dentro de si próprio. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Tristeza Profunda

A vida é um jogo, viver é um risco. Quem joga (e todos nós jogamos), pode ganhar ou perder. O principio da sabedoria consiste em aceitar que perder também faz parte do jogo. Só quando isso acontece é que ganhamos alguma coisa de precioso: ganhamos a nossa capacidade de ganhar. Se sabes perder, sabes ganhar. Se não sabes perder não ganhas nada, e terás sempre o coração vazio. Quem não sabe perder acumula poeira nos olhos tornando-se cego de rancor. Só quando aceitas com humildade as regras do jogo existencial, é que viver pode ser bom, ou, melhor ainda, pode … Continuar a ler Saber Perder

A maior parte das vezes, a opinião dos outros é uma brincadeira de criança, se comparada com a opinião que temos de nós mesmos. Isto pode ser grave, pois, o que um homem (ou mulher) pensa a respeito de si mesmo determina, ou melhor, revela o seu destino. Assim, é melhor tentar ser equilibrado, não ter muita pena de si mesmo, nem ser demasiado indulgente consigo próprio. Provavelmente podemos confiar em nós mesmos, muito mais do que confiamos. Não complicar, e simplificar, é um bom principio para adquirir alguma estabilidade emocional. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Uma Questão de Opinião

O mundo está cheio de uma burguesia esquisita, medíocre, ignorante de que todos os esforços que realizou para enganar a vulgaridade, são inúteis. Tem medo de tudo, um grande medo universal, o medo das multidões e o medo da solidão, o medo do escuro e o medo da luz, o medo de ser pobre e o medo de ser rico, porque podem perder tudo. São modernos na aparência mas, cavernícolas na sua essência. Saíram de um buraco fundo para outro mais á superfície, um buraco na mesma, onde se comportam como um afogado á beira da praia que não sabe que … Continuar a ler Afogados Em Seco

Um dos grandes males do mundo actual, senão mesmo, o grande mal da actualidade, é o ensino, juntamente com a arrogância fútil dos jovens que saem das faculdades. Mal preparados, ignorantes e arrogantes, são eles que vão desempenhar as funções de políticos, professores, magistrados, empresários, etc, e, funcionando mal, dão origem á desgraça que vemos no nosso dia a dia. É óbvio que há gente competente, assim, como é óbvio, que há muita gente que não arranja trabalho apesar do curso que tirou. O ensino teve uma decadência brutal, principalmente, o ensino universitário. Ter um curso universitário não transforma ninguém … Continuar a ler A Aristocracia da Escória

Dia sim, dia sim, hora a hora, vejo e ouço os políticos do meu país, revelarem projectos mirabolantes e darem instruções sem fim aos seus pobres concidadãos. Mas, até onde querem ir estes políticos? Não é alterando as gentes, arrancando-as do seu meio, cortando as raízes do seu modo de vida, que vão conseguir obter um novo povo capaz de compreender á letra, no seu mais intimo, as consequências do consumismo e da ganância. Um povo não cresce na terra como os girassóis, não nasce nas árvores como as maçãs, não chega com as ultimas chuvas. Não se molda como … Continuar a ler Pobre Povo

Não vale a pena perderes tempo a tentar encontrar-te a ti mesmo, não o conseguirás e, até será mais avisado não começares a busca. Não precisas de ir para um mosteiro, fazer uma peregrinação ou praticares meditação. Permanecerás sempre incognoscível para ti mesmo. Aquele que vês no espelho não és tu. O que se passa contigo passa-se com todos os seres humanos desde o principio dos tempos. Estamos impedidos de nos conhecermos a nós mesmos. Não se pode pintar a luz do sol, só se pode pintar (ou fotografar), o que ela faz com as sombras numa parede. Se examinares … Continuar a ler Jogo de Sombras

Ter esperança não faz sentido. Quem pensa em realizar os seus sonhos é ingénuo. Mais do que isso, é preciso compreender como é loucura ter esperança. Uma vez isso compreendido, pode então ter esperança. Se, mesmo assim, conseguir sonhar, então a vida pode ter algum sentido. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Esperança

As palavras têm peso. A comunicação, e a falta de comunicação, é o motivo pelo qual os amantes se separam, as amizades se desfazem, as famílias se desmembram. No entanto, por mais que valorizemos a importância das palavras, há uma verdade mais profunda: o que não dizemos muitas vezes pode ter mais poder. O único silêncio verdadeiro, é um silêncio compartilhado. Acções como segurar a mão ou empurrar alguém, a linguagem codificada do corpo (mesmo do corpo doente), têm precedência sobre as palavras. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Silêncios

Existe uma ampla gama de males sociais a nível planetário, que estão profundamente enraizados na nossa obsessão com o exito, e, a “grandeza” enquanto valor. A mentalidade (mesquinha) da busca pela grandeza tem dois componentes principais. O primeiro afecta as nossas vidas enquanto indivíduos, quando consideramos que o nosso propósito neste mundo é ser o melhor (pessoa, atleta, cientista, guitarrista, etc.) e, ter o melhor (carro, casa, parceiro(a) ou curso universitário), que as nossas habilidades ou oportunidades permitam. O segundo aspecto da mentalidade de grandeza afecta as nossas vidas sociais, quando agimos com base no princípio de que, como sociedade, devemos … Continuar a ler Suficiente é Muito Bom

Antes de fazer votos de ano novo para a evolução do estado do Mundo, convém lembrar-nos que não existe Mundo, mas Mundos. O pensamento é um sentido, assim como a visão, o paladar, a audição, o tacto ou o olfacto. Através do pensamento, tocamos uma realidade acessível apenas ao pensamento, assim como as cores geralmente são acessíveis apenas à visão, os sons à audição e, o olfacto ao nariz. O corpo do pensamento está em contato com um mundo próprio, um mundo de ideias e apreensões conceptuais que são relacionados, mas não idênticos, às outras realidades perceptivas que habitamos em um … Continuar a ler O Pensar Como Sentido

A loucura do mundo está directamente ligada á fuga das pessoas do campo para as grandes cidades, que se multiplicaram vertiginosamente. O esplendor eléctrico das cidades, ocultou o brilho das estrelas, criando um “ruído” que só prejudicou a humanidade. Os homens deslumbraram-se com o “barulho” das luzes e, tendo deixado de observar todas as noites o infinito, confrontando-se com a fantástica imensidão do universo e os seus biliões de estrelas, perderam a humildade, e juntamente com a humildade perderam a razão. Julgam-se deuses, mas, o problema é que os humanos não foram feitos para serem deuses. A menos que seja … Continuar a ler O Barulho Das Luzes

Durante décadas, ingenuamente, procurei a sabedoria, mas, ao fim destes anos todos fiquei com a certeza de uma coisa, não quero ser um iluminado. Mesmo que o pudesse ser, o que é praticamente impossível, não quero. Não quero ver realmente, numa fracção de segundo, toda a verdade. De poder ver, de repente, o mundo como uma radiografia, e nessa radiografia vislumbrar o esqueleto do Vácuo. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Iluminado Não

Um Mundial assombroso, ou assombrado? Os estádios ficaram finalmente terminados, a tempo de receberem o Campeonato do Mundo de Futebol de 2022. Demoraram doze tórridos anos a serem feitos, mas davam a impressão de que se erguiam sem esforço, ano após ano como que por bruxedo. Quando os espectadores e os jogadores lá entrarem, as ferramentas dos pedreiros já pararam há muito, os carpinteiros já não pregam mais pregos, os pintores já não pintam mais e, todos os outros operários desapareceram de vista. Tudo será então, prazer almofadado e ar condicionado, Só será permitido ouvirem-se ruídos de deleite ou, de … Continuar a ler Mundial Assombroso ou Assombrado?