Na verdade, sempre que falas do “teu sofrimento”, não estás apenas a fazer uma afirmação sobre uma transformação genérica da consciência que, nesse ponto, acidentalmente estás a sofrer. Em vez disso, estás a falar dos nomes de todos os teus amigos, parentes e inimigos, e as relações estabelecidas com eles por meio das intenções específicas que formam o “karma” que crias. Nesse sentido, embora o sofrimento seja irreversivelmente pessoal, ao contrário das dores que nos afligem a todos de tempos em tempos, nenhum sofrimento é na realidade “teu”, algo que possas possuir ou despojar. E assim, embora o sofrimento esteja sempre inserido de … Continuar a ler O Teu Sofrimento

Quando alcançares a libertação, mais nenhum aniversário se festejará na tua família, não haverá nenhuma árvore de Natal, nenhum lenço de seda, nenhuma flor, nada, nunca. Mas também, nenhum morto, nenhuma sepultura, nenhuma memória. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Nada

É possível ser budista, sem frequentar um mosteiro, e, sem seguir todos os cânones tradicionais? Eu penso que sim, mas, o melhor é reflectir sobre isso. Há uma longa e perceptível história das instituições budistas, e das doutrinas que elas perpetuaram. As instituições em geral, muitas vezes, tornam-se fins em si mesmas, e normalmente acabam por trair os valores que supostamente deveriam proteger. Este risco inevitável, decorre de uma contradição trágica: por um lado, se não instituírem ensinamentos valiosos, correm o risco de perdê-los, para o esquecimento que decorre com o passar do tempo. Por outro lado, ao fazer isto, as instituições, consideram … Continuar a ler O Que Significa Exactamente Ser Budista?

Todos nós somos criaturas de um dia; igualmente, o que lembra, e o que é lembrado. Tudo é efémero, tanto a memória quanto o objecto da memória. Chegará a hora em que terás esquecido tudo; e está próximo o tempo em que todos te terão esquecido. Lembra-te sempre que, mais tarde, ou mais cedo, não és ninguém e não estarás em lugar algum. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Um Dia

Não há distinção entre o sonhador e o desperto, por isso não deves dar demasiada importância á distinção entre aquilo a que usualmente chamas o real ou o irreal, o certo e o errado, o possível e o impossível.  ©Fernando Kaskais   Continuar a ler Sonhador e Desperto

A fonte de todas as tuas desgraças, é porque ignoras a tua impotência e falta de importância na ordem universal. Essa amnésia não é uma ilusão útil; é responsável por grande parte da tua frustração, raiva e vaidosa auto-afirmação. Ficas furioso com os acontecimentos porque não podes ver as necessidades que enfrentas. O budismo procura regularmente voltar a tua atenção para os elementos naturais; rochas, barulho da chuva, ventos, dunas, cedros gigantes, as estrelas, etc., porque vê nessas ocasiões, momentos em que podes aceitar graciosamente a tua negada subserviência. Podes lembrar-te de que não tens alternativa a não ser submeter-te … Continuar a ler Ajustar

Como nenhum principio de escolha é seguro, deves agir tendo mais em conta a tua ignorância do que o teu conhecimento, pondo sempre em duvida o que a mente te diz que está certo.  ©Fernando Kaskais Continuar a ler Ignorância

A primeira “nobre verdade” que Buda ensina é que o sofrimento é inevitável ao longo da vida. Deves pois ajustar as tuas expectativas para lidar com aquilo que te espera. O sexo vai decepcionar-te, a juventude vai desaparecer, o dinheiro não te vai poupar á dor. Mesmo que não te venhas a tornar um sábio, deves aprender a crescer com as desordens comuns da existência. O que não quer dizer que não sejas uma pessoa alegre, como o próprio Buda, que geralmente exibia um sorriso caloroso. Isso, porque qualquer coisa agradável ou divertida que lhe surgisse ao caminho era imediatamente … Continuar a ler Luz Nas Trevas

O grande místico japonês e fundador do budismo Soto Zen, Dogen Zenji, disse que a realidade é criada e destruída 6.400.099.980 vezes por dia, ou cerca de 70.000 vezes por segundo, a vida surgindo e perecendo a cada micro-instante, uma espécie de impermanência constante. Por outras palavras, de alguma forma, estamos  sempre a morrer. ©Fernando Kaskais   Continuar a ler Vida E Morte

Se  não fizeres o trabalho necessário para controlar a tua mente no momento presente, que são todos os momentos que vives, não terás a menor ideia onde a mente te levará quando morreres. ©Fernando Kaskais     Continuar a ler Controle

Ao nível da actividade fenomenal da mente, quanto maior for o apego às distinções ou definições, mais dificuldades há em surgir a sabedoria; quanto melhor for o funcionamento da sabedoria, menor é o apego às distinções ou definições.  ©Fernando Kaskais   Continuar a ler Sabedoria

Treina a paciência, a capacidade de saber esperar, pois pouquíssimos de nós conseguem contrariar a urgência de apressar a realidade, o desejo quase incontrolável de obter, pelo menos, algum alivio do medo. Esse estado, essa capacidade, é aquilo que nos separa de Buda. Se precisas urgentemente de uma resposta, nunca a obterás enquanto a procurares desvairadamente.  ©Fernando Kaskais   Continuar a ler Paciência

A busca pela sabedoria é uma vocação austera, um compromisso com o estilo de vida, e não uma questão de crença religiosa. O Sábio vê as coisas como elas realmente são e, a partir dessa perspectiva desperta, percebe que ideias como ‘mundo’, ‘eu’ ou ‘alma’ não são, em última análise, reais. Quando lhe fazem perguntas abstractas e metafísicas; como se o mundo é eterno, se a alma é diferente do corpo ou o que acontece com uma pessoa após a morte, ele considera que esses aspectos da experiência pertencem à perspectiva não despertada, e como tal, as perguntas não podem … Continuar a ler Sem Resposta

Não vivo em em lado nenhum, não há lugar onde me possas encontrar. Não tenho idade. Para se ter idade é preciso existir, e pensar que se existe já é um problema. Se não arranjares problemas, o mundo deixará de os ter. Não cries um eu.  ©Fernando Kaskais Continuar a ler Eu?

Não possuis nada. Não existe um Eu permanente. Não está ninguém aí dentro. Nada. Apenas o jogo dos sentidos. Assim que compreenderes o não-eu, o fardo da vida será aliviado.  ©Fernando Kaskais Continuar a ler Nada de Nada

Á medida que fores avançando pelo Caminho do Meio, entre os extremos da cedência ao desejo e auto-mortificação, verás que nada no mundo tem um valor essencial. Não tens nada a que te agarrar. Tudo é como um casca de banana ou de coco, não tens utilidade a dar-lhe, nem fascínio a atribuir-lhe. Quando perceberes que as coisas do mundo não tem grande valor para ti, então serás livre de caminhar pelo mundo sem que elas te incomodem ou magoem seja de que maneira for. É esse o caminho que te conduz á liberdade.  ©Fernando Kaskais Continuar a ler O Caminho do Meio

Não assumas nada como sendo tu mesmo, tudo é apenas uma visão ou uma construção da mente, uma ilusão que te faz gostar, sentir apego ou receio. Quando vires essas construções não te envolvas.  ©Fernando Kaskais Continuar a ler Nada

Não te apegues á linguagem. A única fonte do verdadeiro conhecimento consiste em ver o que se encontra no nosso próprio interior. Este tipo de estudo é o único que tem uma finalidade e um verdadeiro valor. A mente apenas dá origem a fenómenos transitórios, que são, na realidade, vazios. A mente não tem nada, não surge, não nasce nem morre com ninguém. Ela é livre, resplandecente e nada a preocupa. Ao entrar em contacto com algo de bom, não se torna boa, ao entrar em contacto com algo nefasto, não se torna nefasta. Limita-se a observar com imparcialidade.  ©Fernando … Continuar a ler Mente Livre

Um dos paradoxos budistas é a afirmação de que é necessário abandonar o desejo, porque isso significa que, também devemos abandonar o desejo de abandonar o desejo.  ©Fernando Kaskais Continuar a ler Desejo Que…