Igrejas e Seitas

As igrejas e as seitas não existem para te ajudar a resolver problemas teóricos correctamente formulados, mas antes para te ajudar a não os colocar. Já têm muito com que se entreter, a tentar fazer do mundo um local onde se possa viver, para se poderem dar ao luxo de ainda por cima pretenderem explicá-lo. Dão-te a ilusão de poderes inflectir o teu destino, através de orações e devoções maquinais, dotando-te de um instrumentário mental que te dá a sensação de conseguires manipular a realidade efectiva. O desamparo é a situação geradora de crença por excelência. Perante o mal puro … Continuar a ler Igrejas e Seitas

A Gestapo Religiosa

O problema com as religiões monoteístas é que o caminho para o seu ideal utópico está constantemente obstruído pelo pecado que o homem encerra em si, e que é continuamente agravado pelo simples facto de viver na Terra. Um verdadeiro ateu não conhece (ou melhor), não reconhece o conceito de pecado. Para o ateu não existe o conceito do mal metafisico, abstracto, do mal em si. Não há intenção má, pensamentos ou desejos maus, porque o mal não é mau, enquanto não se concretiza, enquanto não assume uma forma activa. Só existem más acções e, o mal é aquilo que … Continuar a ler A Gestapo Religiosa

A Anatomia Do Embrutecimento

Há milénios que a humanidade vive sempre a mesma tragédia. A guerra pura e dura, assim como nas suas várias formas ou mutações, politicas, religiosas, económicas, etc. A principal diferença entre as tragédias antigas e modernas, é que nas primeiras os heróis trágicos reconhecem tardiamente a natureza catastrófica de sua condição, enquanto nas últimas, o reconhecimento está presente desde o início. Em contraste com as tragédias antigas, onde a acção se desenrola, conscientemente ou não, na procura de conhecimento, o drama moderno realça a paralisia da acção por um excesso de conhecimento. Quanto mais sabemos, pior nos saímos, apercebemo-nos da nossa própria impotência … Continuar a ler A Anatomia Do Embrutecimento

Inteligibilidade

Rezas a Deus, mas ele permanece silencioso, não se manifesta, abandonou-te ás tuas cogitações, á tua dor. Mandou-te á merda. Sentes-te um desgraçado, vitima de tantas adversidades, da má sorte, de um azar que parece nunca mais acabar. É evidente que não és feliz, és mesmo um desgraçado, mas, atenção, não és obrigatoriamente um miserável. Podes preservar a tua dignidade, não agindo mal, nem levando a cabo acções perversas, não sendo cobarde, nem insensato. Não te tornando injusto nem impiedoso. Se tens verdadeiramente bom carácter e, és sensato, suportarás toda a espécie de sorte nobremente, tentando agir sempre da melhor … Continuar a ler Inteligibilidade

“Terra Santa” ou Maldita?

Ali, na “Terra Santa”, todos falam de Deus, mas, muito poucos contam com Ele para fazer a sua vida. Supostamente, isso, seria o melhor que lhes podia acontecer, os homens deveriam resolver sozinhos os seus problemas de homens. Mas não, os homens não são capazes de resolver os seus problemas, e, os pregadores, os padres e os rabinos, não ajudam nada, bem pelo contrário. Naquela terra maldita, os povos sofrem muito há demasiado tempo e, tudo por culpa de um mesmo Deus que alguns homens veem de uma maneira e outros de outra. Onde há homens que se assumem como … Continuar a ler “Terra Santa” ou Maldita?

Luxúria Canibal 

Todos os seres humanos têm impulsos, mas, muitas vezes confundem os seus desejos e paixões com luxúria. Inevitavelmente, quando a luxúria assume o controle, perdem todo o seu discernimento. Hoje, mais do que nunca, a luxúria humana estende-se muito além do desejo sexual: há um desejo incontrolável de ter casas deslumbrantes, carros topo de gama, roupas de marca, a ultima tecnologia, de parecer bonito, ou bonita, enfim, de ostentar uma vida que parece de sonho. Estranhamente, a cultura puritana ocidental (seguida por todas as outras), aceitou que o desejo desmedido por coisas materiais, é um desejo compreensível. Talvez como alternativa ao desejo … Continuar a ler Luxúria Canibal 

O Príncipe Carlinhos e o Rei Carlão 

Há uma maldade intrínseca no desejo dos homens dominarem outros homens. Quase todos os males do mundo nascem desta maldade primordial. Talvez por isso, tenha um desprezo visceral pelas monarquias e, por outro tipo de estatutos artificiais inventados pelos humanos, como Papas, Imperadores, Presidentes, Generais e afins. É algo a que os homens recorrem para se referenciarem uns aos outros, para distinguir o indistinguível. Nem sequer se devia perder tempo com estes idiotas, no entanto, o futuro rei Carlão, de Inglaterra, merece que se olhe para ele com olhos de ver, e não com deslumbramento pacóvio. Um deslumbramento, que leva … Continuar a ler O Príncipe Carlinhos e o Rei Carlão 

Entre o Bem e o Mal

Perante o caos que vemos todos os dias em relação á Justiça, ou, á falta dela, devemos reflectir o que representam para a Justiça, a verdade e a mentira, o racionalismo e a ideologia. Frequentemente, as verdades são mentiras e as mentiras são verdades e o racionalismo obtêm com a destruição de uma concepção ideológica do mundo, apenas espaço para a seguinte. Isto não significa que a verdade e mentira não existem. Quer dizer apenas que, somos nós que criamos a responsabilidade quando decidimos o que é verdade e o que é mentira. Também somos nós que decidimos o que … Continuar a ler Entre o Bem e o Mal

Matem-se

Uma interpretação radical de uma vida perfeita seria a seguinte: És um padre pedófilo? Mata-te! És um politico corrupto? Mata-te! És um empresário ladrão e ganancioso? Mata-te! És simplesmente um ladrão? Mata-te! És um traficante de drogas, armas ou seres humanos? Mata-te! És um violador ? Mata-te! És um assassino? Mata-te! És uma nódoa como ser humano? Mata-te, mesmo que estejas satisfeito com a tua vida de treta, e vou-te explicar porquê! Claro que, nunca ninguém disse isto, porque é assustador, mas, para os filósofos antigos, incluindo Sócrates, Platão, Aristóteles e os estóicos, acreditar que a vida vale a pena … Continuar a ler Matem-se

Cancro

Nos dias de hoje, é cada vez mais difícil encontrar alguém, amigo ou conhecido, que não tenha um familiar ou amigo chegado, que não sofra de cancro. Infelizmente, por vezes, são os nossos amigos ou os nossos familiares que são vitimas desta autentica praga. Ninguém sabe o que é ter cancro se não passou por isso. Quando morre um amigo com esta doença, procuramos pistas, ver significado naquilo que não o teve, procuramos ver sinais e indícios que nos tivessem escapado. Procuramos pistas com a ideia de nos escondermos, e com a secreta esperança que a doença não surja no … Continuar a ler Cancro

Que Felicidade?

Na verdade, há maldade em qualquer ponto do planeta, mas, por vezes, dá a impressão que a felicidade é mais uma questão de geografia do que de sentimentos. Ser feliz é coisa de ingénuo, é para meninos, ou para os europeus. Por exemplo, no México e no Brasil, entre muitos outros países, que conhecem bem a infelicidade e a violência, as coisas são mais “excitantes”. A violência surge antes dos meninos calçarem sapatos (aqueles que têm sapatos), continua depois e, não pára até alguém aparecer morto num beco qualquer. Nestas latitudes os meninos matam por tédio. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Que Felicidade?

Crime e Castigo

Quando alguém comete um crime inominável, por exemplo; contra uma criança, a sua alma fica presa na “Eternidade”: o sítio onde tudo acontece vezes sem conta, uma fenda físico-temporal, um instante eterno e terrível, pelos séculos e milénios fora, vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano. Um sitio onde o crime se repete, como que em câmara lenta, esgotando a forças anímicas do criminoso, impedindo-o de recuperar alento para suportar o pavor do resto da vida. Ele pode continuar a viver uma vida aparentemente normal, mas, a sua alma não! Pelo menos era … Continuar a ler Crime e Castigo

O Quinto Cavaleiro Do Apocalipse

Há um quinto cavaleiro a cavalgar ao lado da Peste, da Guerra, da Fome e da Morte, esse cavaleiro invisível é a Fé. A Fé, esse impulso kamikaze, de ter de acreditar em algo ou alguma coisa, pelo simples facto de se pensar que acreditar em alguma coisa é melhor do que não acreditar em nada. A Fé, que se alimenta do terror dos homens pelo vazio absoluto do fim. O pior é que, mesmo para os não crentes, a sua força impõe-se em todo o lado, enchendo o mundo de pessoas que dizendo-se piedosas, a única coisa que conseguem … Continuar a ler O Quinto Cavaleiro Do Apocalipse

Ninguém Sabe

Ninguém sabia o que ela levava cravado no seu intimo, ninguém sabia o quanto sofrera, o quanto chorara ás escondidas, rezando para não ter mais pena de si mesma, o quanto se sentira vazia, infeliz, traída, abandonada e solta como uma folha de jornal velho que o vento vai revirando pela rua no meio do pó. Ninguém sabia como se vira sem amparo nem futuro, sem vontade de falar com alguém, indo ao ponto de querer morrer, desejando jamais ter existido. Tinha a sensação que lhe furtaram a vida, de que alguém trocou malevolamente o seu caminho. Não sabia explicar … Continuar a ler Ninguém Sabe

Pura Raiva

Há algo em ti (em mim), vejo-me forçado a admitir, que é caprichoso e difícil, ou impossível de explicar através da linguagem. És feito de sombras, mas, também de luz, de barro e de pó, de calor e de frio. A filosofia do visível, a ciência e o naturalismo não conseguem capturar uma imagem correcta desse ser, porque é um ser excessivo. Temes isso em ti, o teu ser-sombra infractor de regras e fronteiras, o transgressor que se metamorfoseia, o verdadeiro fantasma da tua máquina humana. Ó religiosos, ó místicos, ó homens e mulheres de fé; qual vida depois da … Continuar a ler Pura Raiva