Se Deus é omnipresente e omnisciente, então sabe tudo e está em todo o lado, num altar ou numa casa de banho, num boi ou num homem. Há oito biliões, e uns trocos, de deuses, pois deus é todos os humanos, e todos os humanos são deus. Todavia, o teu deus, embora seja o mesmo do teu vizinho, é diferente, pois tu imagina-lo de uma forma e ele de outra. Quem quer chegar a deus através da religião (qualquer religião), e dos seus agentes, está a pagar uma comissão demasiado alta para algo que nunca virá a acontecer. É como … Continuar a ler Religião Ou Alucinação?

Se podes confiar em ti mesmo, se há algo em ti que não é nem masculino nem feminino, não é velho nem novo, se, o que tem valor não és tu, mas, a camada de restrições e práticas que te ocultam; uma espécie de valor intrínseco inabalável, então, tens algo que é comum aos profetas. Não quer dizer que sejas um profeta, mas, és com certeza, alguém diferente daquilo que pensas que és. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Profeta

Sempre me intrigou tudo o que é imperfeito e defeituoso, os erros na criação, os becos sem saída. O grande arquitecto enganou-se no desenho, e aquilo que deveria desenvolver-se, por qualquer motivo ficou atrofiado ou, pelo contrário, excedeu as medidas previstas. Se Ele é perfeito, o que é que aconteceu ás formas que não obedecem á simetria, que se multiplicam, que rebentam pelas costuras, ou que reduzem a diversidade á deformidade? Nutro a convicção desgastante, que é precisamente no campo das anomalias que se pressente a ausência de deus. É possível rastrear tantos erros da criação e desacertos da natureza, … Continuar a ler Qual Fé?

Olhas para as estrelas e esperas que elas também olhem para ti, rezas para que haja pelo menos uma estrela que possas seguir, uma estrela que se desloque no firmamento e te conduza ao teu destino. Todavia, isso é apenas a tua vaidade, olhas para a galáxia e enamoras-te, mas o universo preocupa-se menos contigo do que tu com ele, sejamos justos; o universo não quer saber de ti para nada. É verdade que se olhares durante algum tempo para o céu estrelado acabarás por ver algum meteoro cair, incendiar-se e desaparecer. Não se trata de uma estrela que valha … Continuar a ler Ver Estrelas

O desencanto, ou o sofrimento espiritual, é um sentimento que se enraíza numa perda que aflige profundamente. É a consequência de um apego excessivo ao mundo terreno, aos interesses e aos prazeres materiais. Aquele que não se apega demasiado a este mundo efémero, não se preocupará muito pelas perdas criadas por esse mesmo mundo. Para um místico esse desencanto pode ter a ver com o afastamento de deus, com a dificuldade em se aproximar de deus, e por consequência, não é o desencanto que constitui uma falta, mas sim a sua ausência. Numa lógica pervertida, o místico atribui á tristeza … Continuar a ler Desencanto

Quando se é demasiado jovem para se ter acumulado as feridas da própria experiência, ás vezes, escolhe-se envergar, como um cilício, os sofrimentos do mundo em que se vive. Talvez porque se é incapaz de formular um propósito próprio, recorre-se a comportamentos que satisfazem o eu, como salvar a humanidade e o planeta, ou uma determinada espécie em vias de extinção. Se isso não resultar, a mente foca-se no oposto, vícios, luxuria, apetites vários e desmedidos e uma sensação falsa de auto-importância. No fundo, as pessoas só percebem aquilo que tem capacidade de perceber, e isso não pode ser mudado … Continuar a ler Cilício

Os mortais quiseram fazer amor com os anjos, tentando usá-los como meros degraus na sua peregrinação até ao firmamento, e, por isso, foram condenados á queda, a beber do cálice envenenado com o seu próprio sangue, não podendo evitar mais o seu destino. Esqueçam os arcanjos, pois eles já não falam com os mortais; nem Miguel, nem Gabriel, nem Anael, tão pouco Cassiel ou Samael; há muito tempo que a Revelação teve o seu termo. O ultimo profeta virá para anunciar o Apocalipse. Será o escolhido para presidir ao fim do mundo. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Ultimo Profeta

A questão central da existência, o enigma que nos persegue por toda a vida, é o que pode e o que não pode ser dito. Permaneço muito céptico quanto à capacidade das palavras de capturar, ou mesmo explorar, verdades universais, precisamente o que a maioria dos filósofos (não ocultos) acredita que as suas palavras fazem. É impossível dizer algo verdadeiramente significativo sobre Deus, a alma, a ética, a natureza do ser ou virtualmente qualquer um dos outros assuntos sobre os quais os filósofos falam. Não afirmo que essa coisas não existam, mas simplesmente que as palavras não podem tocá-las, ou descrevê-las. As … Continuar a ler O Olhar

Há mulheres mágicas. A magia está emaranhada no cabelo de uma mulher, para confundir o orgulho do homem. É um segredo aberto que algumas mulheres guardam, no entanto, essas mulheres raramente se integram na sociedade. Se isso acontecer, as coisas estão destinadas a dar para o torto. Cerca de uma, em cada 100 mulheres, possui essa coisa que podemos chamar de mágica. Elas podem ter qualquer idade, qualquer nacionalidade, e estão cientes do poder da criação e da força do amor. Paradoxalmente, as mulheres que têm esse sentido especial costumam ser pessoas instáveis, vivendo numa sucessão de crises porque nasceram antes, ou, … Continuar a ler Mulheres Mágicas

Quem estuda, pensa e reflecte sobre os mistérios do mundo, não tem outra hipótese, senão, a de ser profundamente humilde. Não há ser humano neste planeta, capaz de declarar com certeza quem realmente é. Ninguém sabe o que veio fazer a este mundo, a que correspondem os seus actos, os seus sentimentos, as suas ideias, ou qual é o seu verdadeiro nome, o seu nome duradouro no registo da Luz. A história é um imenso texto litúrgico onde as virgulas e os pontos não valem menos do que os versículos ou capítulos inteiros, mas a importância de uns e de outros … Continuar a ler Duvidas

Tens duas maneira de enfrentar o mundo. Podes tentar compreender tudo, e fracassar, ou, aceitar o mudo tal como ele é. Esta ultima, faz-te compreender que, de todas as coisas que te acontecerão, a morte é a mais decisiva, mas, talvez a menos importante, pois dela não terás registo nem sequelas. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Duas Maneiras

O homem inventou a arquitectura para mitigar a terrível constatação de que, por cima de nós, paira uma infinidade de planetas e estrelas desconhecidas, e que desde a aurora dos tempos, a única maneira de combatermos esta vida de anão, é construindo um tecto mais próximo das nossas cabeças. Uma casa. No entanto, o verdadeiro tecto, é esse infinito, a distancia incalculável entre duas estrelas, e o ocasional rasgão de uma estrela cadente, no negrume de que o céu é feito. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Um Tecto

Talvez eu não seja quem penso que sou e, quando estiver prestes a morrer, chegarão os pássaros. Irão pousando, um a um, em todos os lugares que possam pousar. Serão dezenas, centenas ou milhares de pássaros; gaivotas, pegas, corvos, gralhas, pombas, pardais, algumas corujas e uma ou outra águia, que decorarão as copas das árvores, os telhados, e os beirais das janelas mais próximas, instalando-se em todas as esquinas e recantos, onde possam abrigar-se da geada. Virão em silêncio, durante a noite e a madrugada, e, os vizinhos, se os houver, saberão que a minha hora chegou. A minha morte … Continuar a ler A Minha Morte

A morte, de certa maneira, fixar-te-á; serás para sempre aquele ali deitado, os mesmos traços as mesmas cores. Não mais terás cheiro ou sombra, e nada mais se modificará em ti. A morte é um descanso para os vivos, ficas ali esticado, não foges e nunca mais te atreverás a mudar ou discordar. A vida dos outros continuará á tua revelia, ou então, talvez desapareçam todos contigo. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Descanso Final

O silêncio é uma condição do conhecimento: sem ele o acto de pensar limpidamente é praticamente impossível. O quão longe terás que ir para ouvir o silêncio. Ou pelo menos alguma forma de silêncio, porque no mar há sempre ondas, no campo há sons do vento e dos mamíferos. Talvez o silêncio possa ser encontrado no espaço sideral, ou na morte. ©Fernando Kaskais Continuar a ler O Silêncio

Existes entre dois mundos; o teu mundo interior e o mundo exterior que te acolhe e mal-trata. Paradoxalmente, não estás em nenhum dos dois, mas sim, equilibrado na ténue linha que os divide. Essa linha é mais fina do que a espessura de um cabelo, mas não te iludas, a primitiva hostilidade do mundo, acabará, mais tarde ou mais cedo, por se levantar contra ti. Essa espessura e essa estranheza do mundo, é o absurdo. ©Fernando Kaskais Continuar a ler O Absurdo

Os seres humanos são criaturas que contam histórias : inventam narrativas para construir o seu mundo. Seja nas paredes de uma caverna ou no registo dourado armazenado na Voyager, querem compartilhar-se a si mesmos e o que é importante para eles, por meio de palavras, acções e até mesmo do silêncio. As narrativas auto-recriam os mapas da totalidade da sua realidade física e experiências ou, dos mundos da vida que habitam. E assim como as narrativas podem criar mundos, também podem destruí-los, desumanizando o homem. ©Fernando Kaskais Continuar a ler Narrativas

O mundo moderno deve mais á combinação mística da psicologia gnóstica e da mecânica oculta, do que se pode imaginar, pois estas penetraram na imaginação ocidental durante o Renascimento em Itália, o primeiro momento realmente moderno da história.   ©Fernando Kaskais Continuar a ler Divida