A saudade é uma dor, um castigo, uma tortura. Para além da dor pela perda da pessoa amada, continuar a viver lembrando-me dela, é acrescentar mais uns pozinhos à dor inicial e permanente. Dói porque, mesmo tendo dito e feito tudo o que podia, fico com a sensação que podia ter feito e dito ainda mais. Dói porque, estupidamente, acreditei que ela ia viver para sempre e, não agi como se ela fosse partir já amanhã. Acreditei que as regras da vida não se aplicavam a mim. Ter saudades é ter uma doença maligna na alma, um diagnostico de que algo está mal. A interrupção do sofrimento da pessoa amada, deveria funcionar como paliativo, para o nosso sofrimento, mas, não funciona. Talvez o castigo que a existência nos reserva seja o de continuar-mos vivos, imersos numa imensa solidão e, não morrermos de desgosto.
©Fernando Kaskais
Fernando Kaskais - ASTROLOGIA & Filosofia Oculta 